segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

E os tomates lavados com água mineral?

Existem fenómenos inexplicáveis. Coisas que só acontecem no Entroncamento e na gestão dos dinheiros públicos pagos com o dinheiro dos nossos impostos. Desta vez aconteceu mais um fenómeno insólito. Ficamos a saber que a água da torneira sai mais cara que a mineral na Assembleia Republica.
A ideia era acabar com as garrafas de água mineral no Parlamento, iniciativa defendida pelo PS. O mesmo partido que esteve lá não sei quantos anos mas não teve tempo de resolver este difícil problema. A questão é tão sensível que uma primeira tentativa recebera já um parecer desfavorável do concelho de administrarão da AR.
Em Novembro passado, o PS apresentou uma nova proposta, para servir água da torneira pelo menos nas reuniões da Comissão do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Poder Local. Mas a ideia foi chumbada pela maioria dos deputados na comissão, a qual solicitou, por proposta do PSD, uma avaliação dos custos e benefícios de diversas alternativas para o fornecimento de água. Este estudo de altíssima complexidade não foi feito por uns gajos quaisquer. Não! Foi feito por cérebros brilhantes recrutados nas juventudes partidárias que trabalham na AR que nos fazem o favor de servir o humildemente o país. E essa gente é competente e fica cara.
A conclusão foi enviada há dias aos deputados e brevemente discutida na Comissão de Ambiente. Num documento enviado aos deputados, o Conselho de Administração do Parlamento sustenta que a água engarrafada servida nas reuniões da comissão custa 259,20 euros por mês. Para a água da torneira, o valor a que se chegou foi muito maior. O cálculo incluiu os custos de pessoal “para o enchimento, limpeza, colocação e arrumo dos vasilhames” e chegou à cifra de 2730 euros – cerca de dez vezes o valor para a água mineral. Como sabem na AR não há lá ninguém que saiba encher jarros!
O Conselho de Administração também considerou o custo dos jarros em si, avaliados em 4680 euros – o equivalente a 18 meses de água mineral. Naturalmente não são uns jarros comuns. Estes são feitos de pele de piç* e são comprados a um tio de um primo de um gajo que por acaso é deputado e que, sem saber, ainda tem uma pequena cota lá fabrica.

“Face aos encargos evidenciados, o Conselho de Administração pronunciou-se favoravelmente à utilização de água engarrafada, considerando que o respectivo uso, enquanto recurso geológico nacional distribuído por empresas portuguesas, assegura as melhores condições aos utilizadores internos e aos convidados da Assembleia da República, a um custo sem significado financeiro”, conclui o documento. Sendo a água mineral mais barata que a da torneira estuda-se já a proposta de substituição da água dos WC por água mineral, podendo assim os excelentíssimos senhores deputados passar a lavar os tomates e o cu com uma água mais consentânea com a sua categoria. E eu acho muito bem!

Lá no meu serviço por acaso sou eu que pago a água que bebo, mas não me choca que os senhores deputados tenham direito a água mineral. Mas por favor não nos venham com estes estudos ridículos como se os portugueses fossem todos estúpidos. Era um favor que nos faziam!

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