sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Uma wii com o kamasutra integrado


Tenho postado na maioria das vezes, a partir de uma visão crítica e demasiado descrente do que me rodeia. Nunca da vida! Essa é um bem essencial. Impagável, da qual tiro um gozo quase absurdo. Já repararam que neste mundo sucederam-se povos atrás de povos, impérios atrás de impérios, gerações atrás de gerações e apesar do rolar lento do tempo, da sucessão de milhões de anos, é agora a nossa vez de viver! De estarmos vivos. É fantástico, não é? Já repararam que neste planeta há muitos mais mortos que vivos? E nós estamos vivos!
Bem sei que as coisas não estão famosas, mas mais vale uma vida má em vida que uma boa vida em morto! Há corrupção na política, nos governos, nas autarquias, no futebol, a nossa classe politica gosta de fazer exames ao domingo, doem-me as costas quando corro ou exagero na horta ...blá...blá...blá...

Fui a uma festa de aniversário há uns tempos e encontrei lá um homem de 85 anos que há pouco tempo atrás tinha estado praticamente morto. Não andava, mal falava e da vida esperava apenas a morte. Esteve profundamente deprimido, na sequência da morte da sua companheira de sempre, a sua esposa, falecida em 20O7. Recuperou!
Falei com ele e disse-lhe em tom de brincadeira “Então, como está? Você é rijo como o ferro! E quando esperava um torrente de desgraças, ele respondeu com aquele sorriso paralisante - Vou indo! Ainda não morri! Digo-lhe que está com óptimo aspecto. Ele responde que nesta vida só tem pena de uma coisa… do sexo. E diz-me que ainda há pouco tempo era capaz de dar uma boa cambalhota. Proponho-lhe uma mulher de 30 anos, ele admite já não ser capaz… a não ser que ela esperasse uma boa meia hora, mas não queria ficar mal visto. - Elas já não esperam por ninguém! disse-lhe eu.
- Ainda tenho esperança de dar umas cambalhotas! Eu agora tenho tempo! Estou reformado! rematou.
Esplêndido! Oitenta e cinco anos… E esta capacidade de se centrar nas coisas boas da vida e fundamentalmente de rir de si próprio, de brincar com as próprias fragilidades! - Olhe, disse-me ele, o melhor é agente beber um copo. Ainda hoje vou ferrar o motor! Concluiu com aquele sorriso maroto como se risse da própria vida.
A todos um ano novo cheio de autenticidade. Que digam aquilo que outrora não foram capazes de dizer a quem verdadeiramente amam ou detestam.
E não se esqueçam! O mundo está cheio de mortos!
Eu vou ferrar o motor e depois logo se vê! Até para o ano!

agora como a crise é profunda. As pessoas andam um pouco perplexas. E com razão! O que nos dava mesmo jeito, já que estamos em plena "escaldante" campanha eleitoral, era que o Sr Anibal promete-se a cada português uma bimby e a wii com o kamasutra incorporado. Já se prometeram coisas piores!! Um bom ano a todos!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Canalhices


Os canalhas aprovaram o mais duro orçamento de estado da história da democracia. Os canalhas gastaram 5 milhões em carros blindados. Os canalhas dizem que a situação é difícil. Os canalhas não sabem o que fazer com os carros blindados. Os canalhas compraram submarinos. Os canalhas pagaram mais 365 milhões pelos submarinos. Os canalhas não sabem do dinheiro. Os canalhas baixaram as pensões sociais. Os canalhas reduziram os salários dos trabalhadores. Os canalhas abriram excepções para os gestores das empresas públicas. Os canalhas não taxaram as mais-valias bolsistas dos ricos. Os canalhas reduziram os benefícios sociais dos pobres. Os canalhas venderam sucata. Os canalhas receberam robalos. Os canalhas licenciaram-se ao domingo. Os canalhas renovam a frota automóvel topo de gama das empresas públicas. Os canalhas fecham escolas. Os canalhas pagam salários milionários aos gestores públicos. Os canalhas reduziram o subsídio de desemprego. Os canalhas mandaram parar a obras da linha do Tua e da Lousã. Os canalhas mandaram avançar o TGV e o novo aeroporto. Os canalhas anteciparam dividendos para não pagar impostos. Os canalhas travaram a tributação de dividendos das grandes empresas. Os canalhas subiram a taxa do IVA para 23%. Os canalhas nomeiam amigos. Os canalhas sobem a gasolina antes do preço do petróleo subir. Os canalhas não descem a gasolina quando o preço do petróleo desce. Os canalhas dizem que isto está mau. Os canalhas dizem que isto tem sido mal governado. Os canalhas estiveram sempre na governação. Os canalhas têm um discurso alinhado. Os canalhas protegem-se uns aos outros. Os canalhas estão em toda a parte !!!
Este texto é uma homenagem ao grande Mário Crespo e fecha o ciclo de desconforto deste ano que nos deixa. Para o ano há mais!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O grande preservativo


Não deixa de ser irónico que vivendo nós no auge da grande revolução tecnológica, nomeadamente a das tecnologias da comunicação, estejamos cada vez mais isolados, vazios e encerrados dentro de uma bolha com cada vez menos canais comunicantes. As famílias depois de mais um dia de trabalho iniciam a cavalgada de final de tarde correndo com os filhos de actividade em actividade. Eles, esses verdadeiros cavalos de corrida, correm da música para a natação, da ginástica para o judo, do inglês para a explicação de matemática como se estivessem em plena pista de tartan. Depois do jantar corremos todos, cada um para o seu ecrã e vamos “comunicar” com os nossos 500 amigos no facebook, muitos, amigos apenas virtuais, que nem sequer temos a certeza se nos acudiam caso desmaiássemos num passeio. É neste mundo artificial que passamos a maior parte do nosso tempo livre, a bisbilhotar a vida de pessoas que mal conhecemos e com os quais, nalguns casos, nunca trocámos uma única palavra.
O homem terá sido, de acordo com algumas teorias, a espécie falhada, no sentido em que era profundamente incompetente à nascença. Esta teoria formula que a nossa espécie seria menos preparada para se confrontar com as adversidades do mundo externo que as demais. Enquanto, por exemplo, um pato consegue nadar um minuto depois de nascer, ou um vitelo andar logo que abandona o ambiente uterino, nós, ao contrário, nascemos em situação de grande fragilidade e dependência de cuidados de terceiros. Terá sido aliás essa dependência a responsável pela evolução da espécie, realizada a partir da relação com outros homens. Essa necessidade de cuidar e de ser cuidado, aguçou o engenho, permitindo o desenvolvimento da linguagem, dos afectos, da inteligência, da identidade, da personalidade, e sobretudo das emocões. A partir daí imergiram os papéis sociais e consequentemente todo o processo de socialização – o homem constrói uma ideia de si e do mundo a partir da relação com outros homens, diferentes de si e necessariamente com diferentes experiências e visões do mundo. O homem, portanto, desenvolve-se e distancia-se das demais espécies por uma necessidade absoluta de amparo. Essa incompetência primordial resultaria na perda de muitos indivíduos, dos mais fracos e menos aptos, permitindo a sobrevivência dos mais bem preparados enquadrando-se naquilo a que o inglês Charles Robert Darwin veio a defender mais tarde na sua teoria evolucionista.
Assim, seres humanos pouco competentes e menos hábeis do ponto de vista comunicacional, têm mais dificuldade e falham frequentemente no seu processo de socialização. Esta falha está muitas vezes associada a factores experienciais, ambientais e sobretudo relacionais que muitas vezes conduzem o indivíduo a quadros de perturbação de personalidade.
Naturalmente que não defendo nem associo o sucesso das redes sociais a estes factores, até porque existem pessoas muito competentes do ponto de vista social e que são utilizadores massivos das redes sociais. Ainda assim, penso que não será de todo descabido assumir sem receio que muitas pessoas trocam a comunicação face a face por esta comunicação descomprometida, por ser mais fácil e menos “onerosa” que outras mais próximas e, por isso, mais ameaçadoras.
É frequente, na clínica, encontrar pessoas com 1700 amigos no facebook mas que não têm um só para tomar um simples café.
Sou um utilizador das redes sociais. Todos os dias bisbilhoto um pouquinho da vida dos outros. Todos os dias exercito a minha ânsia voyeurista e todos os dias também levo necessariamente com a veia voyeur, exibicionistas e histriónica de algumas almas ávidas de “palco” e de reconhecimento.
Um dia deste recebi no facebook um pedido de amizade de uma pessoa, com a qual me cruzo frequentemente, mas apesar disso, nunca trocámos uma única palavra. Hesitei, na medida em que a nossa distância relacional era evidente, mas ao cabo de 3 dias aceitei o convite! Vasculhei o seu perfil de ponta a ponta. Fotografias e mais fotografias com poses mais ou menos provocantes onde era nítida a preocupação pela estética e os seus dotes físicos eram cuidadosamente postos em destaque. Viagens, muitas viagens devidamente legendadas para que não restassem dúvidas da sua veia viajante, das suas posses e do seu estatuto social. Pensei - Que mulher interessante. Continuei a vasculhar já a salivar como o cão de Pavlov. Mas nada mais! Para além dos seus atributos físicos, da sua necessidade de levar ao mundo o seu extraordinário estilo de vida, apenas restavam meia dúzia de erros ortográficos e um jogo tipo “Achas que o fulano tal era capaz de andar em cuecas na rua?”
Encontramo-nos casualmente dois dias depois num local público. Fiquei aflito, afinal conhecia imenso daquela mulher e ela de mim. Éramos quase íntimos. Como iniciaria a conversa? Sobre as suas idílicas viagens? Falava do seu corpo escultural? Dos erros ortográficos? Estava ansioso. Não sabia como começar. Depois pensei, ela é que teve a iniciativa do pedido, que seja ela então a fazer as despesas da conversa. Ela continuava a andar, a andar, ia finalmente passar por mim… E no grande momento…passou! Nada! Nem um olhar!
Foda-se! Sussurrei, entre dentes!
Assim a gente até se relaciona mas não engravida da relação. A relação virtual é, na maioria dos casos profundamente estéril! É como viver envolto num enorme preservativo atado pela boca. Estamos lá mas não nos tocamos.
Assim, no ano novo, preventivamente para não salivar em vão, vou eliminar da minha lista de amigos todos aqueles que, apesar de meus amigos virtuais, não falam comigo. São poucos felizmente! Em vez deles vou plantar 50 nabiças no meu quintal e tratá-las com carinho. Pelo menos assim posso relacionar-me desinteressadamente com elas, acompanhar o seu crescimento, sem ter que levar com as suas poses eróticas mais o seu fabuloso estilo de vida!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Ela


Ela tem dores. Ela tem muitas dores. Pesam-lhe as pernas. Pesa-lhe o corpo. Pesa-lhe a angústia. A vontade de trabalhar é a mesma, o afinco, a obstinação, a resistência, são as mesmas. A saúde não! Aquela obsessão pelo trabalho concluído, independentemente do relógio, da fome, das dores, é a mesma. Que dores! O Relógio era a tarefa feita, bem feita. Ao sol. Que sol! Que ardor na pele, que calor na pele. Doem-lhe as pernas, o corpo, a mente! Ela dói-me. Dói-me muito!

domingo, 31 de outubro de 2010

Os Almeidas



Existem por ai Almeidas para todos os gostos. Uns vivem felizes, à grande e à francesa, outros coitados, a vida foi-lhes madrasta e vivem como podem!
Os trabalhadores da limpeza de Lisboa por exemplo, são talvez os mais conhecidos. Chamam-se assim porque, inicialmente, alguns ou quase todos seriam naturais de Almeida, vila fronteiriça da comarca de Pinhel e do distrito da Guarda que imigraram para Lisboa porque estavam fartos de viver bem.
Eram e são gente que viveu e vive principescamente, à conta do seus bons ordenados, talvez de 500 euros, que somado ao do seu conjugue, se tiver a sorte de não estar desempregado, perfaz a significativa quantia de 1000 euros mês. É massa! Tirando a renda de casa, a factura da EDP, mais a taxa audiovisual, a factura da PT, as despesas com o leite e com o pão dos filhos, ainda sobra bastante dinheiro, perdão bastante mês! Mas eles não se importam e continuam felizes e contentes porque têm fibra e pertencem à enorme massa daqueles que come e cala e que faz sacrifícios agora em nome de um futuro risonho. Disse-lhes o Sócrates! Que é um grande Politico! E sério! Gente mais feliz não existe. Sentem que estão a cumprir uma missão, uma honrosa missão, a de salvar este grande pais da bancarrota para que os seus filhos tenham uma vida gloriosa.
Depois existe outra categoria de Almeidas. No caso falo-vos de um tal Almeida Santos que por ai anda a arrastar-se penosamente pela vida política em nome do povo. Essa pobre criatura que com umas escassas dezenas de milhares de euros mensais, mais uma reformas daqui e dali tem de governar a vida como pode. Ele está farto de sofrer coitado e num sinal de puro desespero disse e passo a citar «o povo tem que sofrer as crises, como o Governo as sofre». Disse ainda que “ tinha de começar a ir comer à cantina da assembleia”. Coitado, este pobre tem apenas 60 euros de ajudas de custos por dia! Acabemos-lhe então, em tempo oportuno, com tamanho sofrimento, a ele e aos seus amigos. Não é justo sofrer tanto!
Em Maio de 2007, este mesmo Almeida defendeu a Ota como localização do novo aeroporto de Lisboa, argumentando que se o mesmo fosse construído na margem sul do Tejo, terroristas poderiam dinamitar as diversas pontes sobre o Tejo cortando o acesso ao Aeroporto. Que bela e comovente estória! Ficamos todos convencidos que o que estava em causa nada tinha a ver com a defesa de interesses instalados. Convencidíssimos!
E o mesmo Almeida que um dia, acerca da comissão de inquérito sobre o negócio PT/TVI, disse "não vai dar nada. Estamos no domínio da quarta acusação grave contra o primeiro-ministro. A primeira acusação não deu nada, a segunda não deu nada, a terceira não deu nada, a quarta não vai dar nada". Que estranho não dar em nada!
Antes, tinha afirmado "Eu até defendo impostos mundiais para problemas que se globalizaram. Se eu defendo impostos mundiais para problemas que se mundializaram, como poderia não defender impostos europeus à escala europeia?”
Claro, mais impostos! De outra forma como poderia o estado prestar este serviço cívico como comprar um carro por 140 mil euros para a cimeira da NATO ou gastar cinco milhões de euros em blindados, mais uns milhões em submarinos, mais as luvas ou alimentar os 1250 institutos públicos, fundações, empresas públicas e municipais para colocar cerca de 4500 dirigentes mais assessores e secretárias! Não, não são boys! Nada disso!
Este tipo de declarações revela antes de mais um profundo estado de alienação, uma gritante indiferença pela população, uma obscenidade, uma imoralidade, um egocentrismo do tamanho do umbigo, uma falta de sensibilidade e solidariedade social.
Trata-se de um burguês que simplesmente perdeu a capacidade de se colocar no lugar do outro. Um burguês a dar os primeiros sinais de senilidade mental.
A classe política está desacreditada. E não passa, salvo raras excepções de uma corja organizada! Recomenda-se então que estes senhores deixem de sofrer e passem a comer noutra cantina ou a outra malga que não à grande porca, que é o Estado!



.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ciganices


O clima de suspeitas e preconceitos sobre o povo rom é imemorial e sobre eles contaram-se inúmeras lendas, invariavelmente pondo-os sob desconfiança, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos. Difundiu-se, entre outras, a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar Cristo ou, segundo outra versão, que eles teriam roubado o quarto prego, tornando assim mais dolorosa a crucificação de Cristo. A falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura aumentaram as dúvidas e abriram campo o todo o tipo de fantasias, não lhes concedendo o estatuto de grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo haviam sido qualificados como Egípcios. Existem várias razões que explicam a obscuridade que envolve os ciganos. Em primeiro lugar, a cultura cigana é fundamentalmente ágrafa (só história oral) e despreocupada por sua história, de maneira que não foi preservada por escrito a sua procedência. A sua história foi estudada sempre pelos não ciganos, com frequência através de um cariz fortemente etnocentrista. Essa visão externa permitiu todo o tipo de leituras e distorções da história cigana.
O que é aceite pela maioria dos investigadores é que os ciganos eram originários da Índia e que abandonaram a sua terra natal em torno do ano 1000, para atravessar o que agora é o Afeganistão, Irão, Arménia e Turquia. Vários povos similares aos ciganos vivem hoje em dia na Índia, aparentemente originários do estado desértico de Rajastão.
Os Rom terão tido origem a partir de uma casta inferior do noroeste da Índia. Foram descritos como um povo que rejeitava viver da agricultura e terão partido, por causas desconhecidas, em direcção à Pérsia onde se dividiram em dois ramos: o primeiro, rumou a oeste, atingindo a Europa através da Grécia; o segundo partiu para o sul, chegando à Síria, Egipto e Palestina.
Os primeiros movimentos migratórios chegaram à Europa por volta do SEC. X e pensaram que seria proveitoso fazerem-se passar por cristãos do Egipto, perseguidos pelos muçulmanos e condenados ao perpétuo vaguear para expiar suas culpas. Fantasiaram acerca de suas próprias origens, atribuindo-se uma procedência misteriosa e lendária, em parte como estratégia de protecção frente a uma população maioritária e agreste. Esse aspecto aumentou naturalmente a nuvem de incerteza sobre tal povo.
Devido à conquista territorial e política dos estados hindus, muitas caravanas rom partiram para a Europa, Oriente Médio e Norte da África e espalharam-se principalmente pelo continente europeu: Hungria, Austria e Boêmia, chegando à Alemanha em 1417. Em 1428, encontravam-se na França e Suiça e antes, em 1422 já tinham atingido a Bolonha. Em 1500, surgiram os primeiros ciganos ingleses. Os anos de 1555 a 1780 são marcados por um período de perseguições e intolerância, de verdadeira caça ao cigano ao ponto de hoje nos paises nórdicos, com a sua clássiva efeciencia, quase não existirem ciganos. Em vários países foram cometidos actos brutais contra os ciganos.
Os Roma, tradicionalmente nómadas, serão hoje cerca de vinte milhões de pessoas, espalhadas pelo mundo. Só na Europa Central, existem cerca de quinze milhões.
Hoje os ciganos estão nas manchetes dos principais jornais europeus, por serem alvo de expulsões em paises como a Suécia, Dinamarca e Itália, e tendo seus acampamentos destruídos com escândalo e sob fortes protestos na França de Sarkozy.
Cerca de 80% dos ciganos que vivem na Europa estão desempregados. Os jovens raramente conseguem completar seus estudos, muitos adultos são analfabetos e o grupo étnico como um todo está totalmente excluído da vida económica e social dos países onde vivem. Os ciganos são tão discriminados que, se fala de racismo e “anticiganismo estrutural” como causas mais importantes do isolamento e da exclusão social de que são vítimas.
De facto nós, pessoas de bem, educados, civilizados, maioritariamente bem inseridos económica e socialmente, que trabalhamos imenso, boas casas, bons empregos, limpinhos e perfumados, temos muita dificuldade em tolerar tudo o que é diferente. Sempre tivemos! Elegemos sempre alguém para fazer o papel de “Feios, porcos e maus”
Não aceitando o que não nos é totalmente assimilável, não compreendendo o que não se enquadra nos nossos padrões, discriminamos naturalmente pela negativa, projectando nesse “espaço vazio” todos os nossos fantasmas, frustrações, angústias, medos e ira.
Quando era pequeno lembro-me de me dizerem “Ou portas-te bem ou vais com os ciganos “ ou “ não te aproximes dos ciganos…que eles são maus” Fomos naturalmente formatados para discriminar ciganos!
Os xenófobos não são só o Sr Sarkozy, são também todos os Presidentes de Câmara que ordenaram a criação de guetos habitacionais para ciganos ou os que criaram parques nómadas para ciganos longe de tudo e de todos. São igualmente xenófolos todos os pais que recusam que os seus filhos tenham aulas conjuntamente com crianças ciganas. São também xenófolas todas as escolas que fazem turmas especiais só para ciganos e todos os que recusam alugar casa a ciganos ou ter ciganos como vizinhos.
Nós, o povo das ciganices, que não perdemos uma oportunidade de passar a perna ao próximo, que não fugimos mais ao fisco só se não pudermos, que enganamos na primeira oportunidade a Segurança Social, que acumulamos subsidio de desemprego com uns biscates, nós os reis das falsas baixas médicas, dos casos das facturas falsas, dos submarinos, do freeport, das mais diversificadas vigarices, etc, etc, etc… somos simultaneamente implacáveis com um povo que comete naturalmente as suas aldrabices, mas que tem muito a aprender, nesse particular connosco e que ao pé, por exemplo, da nossa classe politica não passam de meros aprendizes!
Afinal quem são os maiores traficantes de Portugal? E os maiores corruptos? Quantos ciganos foram presos por corrupção em Portugal e por fuga ao fisco? Quantos ciganos estão ligados às falcatruas nas Câmaras Municipais? E no crime organizado? São os ciganos os que mais assaltos preconizam? E crimes de sangue? Qual é a taxa de ciganos homicidas?
E em França?
No fundo todos temos dentro de nós um pequeno Sarkozyzinho!!! É pena não termos também a mulher dele na cama. No fundo era fixe passar a perna a esse sacana!!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Cão como nós


Habituámo-nos a ver Manuel Alegre como um símbolo da democracia, da liberdade e do espírito crítico, fazendo jus à mente necessariamente livre de um poeta. Mais, o Manuel Alegre assumiu-se nos últimos anos como a voz da descordância, a voz crítica para fora e sobretudo para dentro de um PS cada vez mais conspurcado, refém dos boys, dos interesses instalados e ensombrado por nuvens de corrupção. Este histórico militante do Partido Socialista foi de longe a voz mais incómoda para o partido que levou mais longe o conceito de governamentalização do país, desde a justiça à imprensa, das instituições às empresas públicas. Era uma voz temida fora e sobretudo dentro de uma partido rendido a interesses alheios ao interesse nacional. Esse contributo à democracia rendeu-lhe o apreço de mais de um milhão de portugueses, que nele votaram nas últimas eleições presidenciais, atirando o igualmente histórico Soares compulsivamente para a reforma dourada.
Até que, pasme-se, qual golpe de magia, a voz da indignação calou-se . O poeta retirou-se em profundo silêncio, mendigou o apoio do PS, vergou-se ao partido nada mais dizendo e, espera agora honrosamente ser eleito para a presidência da república, para acabar a sua vida política tal como a comecou - ao serviço do estado, vivendo à custa do estado como tantos outros, que viram no silêncio a melhor forma de trepar na política e na vida. Agora já nada tem para criticar. Está tudo bem! Este cão amordaçado não passa afinal de um rafeiro igual a tantos outros que ladram mas no momento do aperto escondem cobardemente o rabo entre as pernas. É que para mudo e calado já lá temos um. Chega!
*O título deste post reproduz o título de um dos livros do Poeta, que tal como muitos outros se calou, sendo conivente com o status quo deste pobre país.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mourinho, esse arrogante!


Goste-se ou não se goste. Queira-se ou não se queira, Mourinho é uma figura incontornável do futebol mundial.É um vencedor e deve merecer da parte dos portugueses o devido reconhecimento. Os portugueses devem-lhe isso! E devem a si próprios a necessidade de deixar de lado essa inveja e mesquinhez tão portuguesas. Provavelmente não será um exemplo de humildade, de discrição. Não sabemos! Nunca iremos saber. Nunca conheceremos o verdadeiro Mourinho, o Mourinho homem, pai, amigo ou marido.
O que chega até nós é o Mourinho Actor. Uma personagem arrogante, presunçosa, calculista, fria e estratega que pensa os jogos minuciosamente. O que chega até nós é uma representação. Um treinador que puxa a si as atenções dos média, libertando os seus jogadores da pressão. Um treinador que considera que um jogo tem muito mais de 90 minutos, que o pensa de forma científica, o treinador do jogo psicológico e do discurso provocatório sobre os adversários. Esse goste-se ou não se goste, queira-se ou não se queira é um génio e tem o mundo a seus pés! Ainda que, falemos apenas e tão só de futebol!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Prisão em mim

Há livros que leio repetidamente, há comentários que faço repetidamente, há sites que visito repetidamente, há ideias que tenho repetidamente. Tão repetidamente quanto a minha própria natureza. A minha natureza impele-me à repetição. Eu sou a repetição. Tranquiliza-me a ideia de que o que me rodeia se mantém intacto, se conserva. A conservação é o meu ideal. Digo sempre a mesma coisa dos políticos, que são corruptos e que só pensam em tratar da vidinha, que são isto e aquilo. Digo sempre o mesmo de mim. Digo muito de mim. Faço pouco de mim.

terça-feira, 23 de março de 2010

Os miseráveis

A justiça foi inventada para evitar que os fortes prevalecessem sistematicamente sobre os fracos. Em Portugal a justiça é cara e de difícil acesso. As custas judiciais são caras, os advogados são caros, as despesas processuais só estão ao alcance de alguns, e mais, em Portugal a justiça é lenta. Sendo assim, só os mais aptos, leia-se ricos, têm verdadeiramente acesso à justiça e às garantias que a lei coloca ao dispor do cidadão. Só assim se pode explicar que as prisões portuguesas estejam cheias de desprotegidos, vulgo miseráveis – crimes de sangue à parte, cerca de 95% dos reclusos pertencem à chamada raia miúda e estão detidos por crimes relacionados com droga. Não há memória de uma condenação em Portugal por crimes de “colarinho branco”. Certamente porque não os há!
Fica-se no entanto com a secreta convicção que vivemos num estado corrupto, em que até as mais altas figuras do estado vivem envoltas numa espessa cortina de desconfiança. São tanto os casos suspeitos e tão poucas as condenações que ficamos com a sensação que a investigação e a justiça não são eficazes, não funcionam.
Desta forma processos como os da casa Pia, Bragaparques, Isaltino Morais, Avelino Ferreira Torres, Apito Dourado, Operações Furacão, Face
Oculta, entres outros, para além do habitual ruído mediático, acabam a dar em nada ou morrer de velhice nas catacumbas dos tribunais!
Quem não se lembra do recentemente caso do humilde pastor transmontano, claramente perturbado do ponto de vista psiquiátrico, ser condenado a 10 meses de prisão efectiva por insultar a Sra. Juíza. O que fizeram os Srs. Avelino Ferreira Torres e Valentim Loureiro nas suas sessões de julgamento? O que lhes aconteceu? Pois é! O que seria deste pais sem estes miseráveis? Sem eles quem iria preso?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fumar enquanto se reza

Passo a contar-vos uma estória passada num dos seminários que por ai existem:
“Dois seminaristas foram pedir ao padre superior autorização para fumarem enquanto rezavam.
O primeiro foi directo ao assunto e perguntou se poderia fumar enquanto rezava. O padre, chocado, negou prontamente e exigiu dele uma série de penitências.
O segundo, senhor de outros argumentos retóricos, disse ao padre que enquanto fumava rezava. Perguntou se podia. Recebeu uma resposta positiva, com a recomendação de que rezasse também para interromper o vício de fumar.”

Esta pequena e brilhante estória foi recentemente relembrada durante um debate entre o actual e o anterior bastonário da ordem dos advogados.
Os factos podem ter diferentes perpectivas dependendo do angulo em que são observados. Nós sabemos isso.
Não deixa de ser ironico que esta estória seja trazida à actualidade justamente por um actor do sistema judicial português. É que se esta estória tem uma moral, ela encaixa que nem uma luva à flamigerada Justiça portuguesa.