terça-feira, 12 de setembro de 2017

Ai, ai... fardas!!


As fardas intrigam-me! Vá um gajo a uma boa casa de alterne ou passe em frente a um qualquer quartel e é ver a efervescência que as ditas causam! Aquilo é um contorcer de pernas sem fim, parecem ter o efeito de um Alka-Seltzer num copo de água. É uma vertigem, uma obsessão!

Nas casas de strip-tease, eles fardados de policias, oficiais da marinha, comandantes de avião ou de bombeiros,  em cima daquela armadura que parece mesmo pele verdadeira, com abdominais perfeitos que quase enganam as mais distraídas. Toda a gente sabe que aquilo é PVC manipulado, encaixado em cima da pele flácida. Elas vestidas de enfermeiras, hospedeiras de bordo ou professorinhas de uniforme colegial, cabelo apanhado e óculos. É um cenário untuoso, fisgas canhoto, que arrepio!

Fardas de comissários de bordo também são escolhas frequentes e costumam agitar o universo feminino. Deve ser por andaram nas nuvens, porque no fundo não são mais que  empregados de mesa que andam pelos ares! Mas elas adoram andar pelos ares! Fardas e nuvens é a conjunção pecaminosa, o disparate completo! Mas há profissões que são completamente anti-tusa. Já viram algum stripper vestido de jornalista, padeiro, coveiro, contabilista ou motorista de autocarro? Não viram pois não? Bem, só se for o fulano do “pica do 7”!

Nos tempos que correm se um gajo anda à civil não tem hipóteses. O único uniforme civil capaz de fazer tocar a campainha no cérebro delas é o smoking, mas elas estão formatadas para tipos como o David Beckam ou o George Clooney e com azar ainda somos confundidos com um empregado de mesa de um bar,  e  corremos o risco de nos pedirem uns croquetes e mais uma garrafa de branco bem fresco!

Mas voltando ao fetiche, que raio pode explicar tamanha lambarice por fardas, sobretudo nas mulheres?  Será porque as fardas vestiram os grandes heróis, reais ou ficcionados,  homens bravos e corajosos, figuras de comando, símbolos de autoridade, poder e proteção? Será pela representação da lei, da sentença e do castigo?  Ai o castigo, esse tau-tau maroto! Será pelos apetrechos? Algemas, chicote, bastão ou espada? Será que apesar dos movimentos de liberação feminina, apesar da pílula, apesar da profissionalização etc., elas ainda sonham com um ombro musculado, forte e protector? Bem, é sabido que desde o tempo das cavernas, as fêmeas procuram os machos mais fortes para caçar mamutes e acasalar. A atração é também atávica, portanto.
Sendo assim, e porque a farda masculina é um fetiche e um homem fardado, condecorado com quilos de medalhas e armado com pistola ou espada, deixa de ser humano para se tornar um ícone de garbo, um símbolo de altivez, hombridade, inteligência, força e poder, tomei a única decisão inteligente neste contexto de luta pela sobrevivemcia – passarei doravante a envergar uma imponente e aparatosa farda pelo menos dois dias por semana!

Numa primeira fase, a que chamaria experimental, tipo projeto-piloto, apenas usarei farda aos fins-de-semana à noite! Sairei então todas as sextas à noite com belíssima e faustosa farda da marinha portuguesa, de um branco puro, ostentando a patente de Capitão-de-mar-e-guerra, pendurando sobre o nobre pano três quilos de medalhas adquiridas previamente nesse ícone da modernidade que são as feiras das velharias!

Alternadamente, aos sábados, vestirei sumptuosa farda de gala com o posto de brigadeiro-general do exército português de fazer salivar a mais fria das mulheres ao cimo da terra. Um gajo não se pode deixar ficar para trás!