domingo, 31 de outubro de 2010

Os Almeidas



Existem por ai Almeidas para todos os gostos. Uns vivem felizes, à grande e à francesa, outros coitados, a vida foi-lhes madrasta e vivem como podem!
Os trabalhadores da limpeza de Lisboa por exemplo, são talvez os mais conhecidos. Chamam-se assim porque, inicialmente, alguns ou quase todos seriam naturais de Almeida, vila fronteiriça da comarca de Pinhel e do distrito da Guarda que imigraram para Lisboa porque estavam fartos de viver bem.
Eram e são gente que viveu e vive principescamente, à conta do seus bons ordenados, talvez de 500 euros, que somado ao do seu conjugue, se tiver a sorte de não estar desempregado, perfaz a significativa quantia de 1000 euros mês. É massa! Tirando a renda de casa, a factura da EDP, mais a taxa audiovisual, a factura da PT, as despesas com o leite e com o pão dos filhos, ainda sobra bastante dinheiro, perdão bastante mês! Mas eles não se importam e continuam felizes e contentes porque têm fibra e pertencem à enorme massa daqueles que come e cala e que faz sacrifícios agora em nome de um futuro risonho. Disse-lhes o Sócrates! Que é um grande Politico! E sério! Gente mais feliz não existe. Sentem que estão a cumprir uma missão, uma honrosa missão, a de salvar este grande pais da bancarrota para que os seus filhos tenham uma vida gloriosa.
Depois existe outra categoria de Almeidas. No caso falo-vos de um tal Almeida Santos que por ai anda a arrastar-se penosamente pela vida política em nome do povo. Essa pobre criatura que com umas escassas dezenas de milhares de euros mensais, mais uma reformas daqui e dali tem de governar a vida como pode. Ele está farto de sofrer coitado e num sinal de puro desespero disse e passo a citar «o povo tem que sofrer as crises, como o Governo as sofre». Disse ainda que “ tinha de começar a ir comer à cantina da assembleia”. Coitado, este pobre tem apenas 60 euros de ajudas de custos por dia! Acabemos-lhe então, em tempo oportuno, com tamanho sofrimento, a ele e aos seus amigos. Não é justo sofrer tanto!
Em Maio de 2007, este mesmo Almeida defendeu a Ota como localização do novo aeroporto de Lisboa, argumentando que se o mesmo fosse construído na margem sul do Tejo, terroristas poderiam dinamitar as diversas pontes sobre o Tejo cortando o acesso ao Aeroporto. Que bela e comovente estória! Ficamos todos convencidos que o que estava em causa nada tinha a ver com a defesa de interesses instalados. Convencidíssimos!
E o mesmo Almeida que um dia, acerca da comissão de inquérito sobre o negócio PT/TVI, disse "não vai dar nada. Estamos no domínio da quarta acusação grave contra o primeiro-ministro. A primeira acusação não deu nada, a segunda não deu nada, a terceira não deu nada, a quarta não vai dar nada". Que estranho não dar em nada!
Antes, tinha afirmado "Eu até defendo impostos mundiais para problemas que se globalizaram. Se eu defendo impostos mundiais para problemas que se mundializaram, como poderia não defender impostos europeus à escala europeia?”
Claro, mais impostos! De outra forma como poderia o estado prestar este serviço cívico como comprar um carro por 140 mil euros para a cimeira da NATO ou gastar cinco milhões de euros em blindados, mais uns milhões em submarinos, mais as luvas ou alimentar os 1250 institutos públicos, fundações, empresas públicas e municipais para colocar cerca de 4500 dirigentes mais assessores e secretárias! Não, não são boys! Nada disso!
Este tipo de declarações revela antes de mais um profundo estado de alienação, uma gritante indiferença pela população, uma obscenidade, uma imoralidade, um egocentrismo do tamanho do umbigo, uma falta de sensibilidade e solidariedade social.
Trata-se de um burguês que simplesmente perdeu a capacidade de se colocar no lugar do outro. Um burguês a dar os primeiros sinais de senilidade mental.
A classe política está desacreditada. E não passa, salvo raras excepções de uma corja organizada! Recomenda-se então que estes senhores deixem de sofrer e passem a comer noutra cantina ou a outra malga que não à grande porca, que é o Estado!



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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ciganices


O clima de suspeitas e preconceitos sobre o povo rom é imemorial e sobre eles contaram-se inúmeras lendas, invariavelmente pondo-os sob desconfiança, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos. Difundiu-se, entre outras, a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar Cristo ou, segundo outra versão, que eles teriam roubado o quarto prego, tornando assim mais dolorosa a crucificação de Cristo. A falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura aumentaram as dúvidas e abriram campo o todo o tipo de fantasias, não lhes concedendo o estatuto de grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo haviam sido qualificados como Egípcios. Existem várias razões que explicam a obscuridade que envolve os ciganos. Em primeiro lugar, a cultura cigana é fundamentalmente ágrafa (só história oral) e despreocupada por sua história, de maneira que não foi preservada por escrito a sua procedência. A sua história foi estudada sempre pelos não ciganos, com frequência através de um cariz fortemente etnocentrista. Essa visão externa permitiu todo o tipo de leituras e distorções da história cigana.
O que é aceite pela maioria dos investigadores é que os ciganos eram originários da Índia e que abandonaram a sua terra natal em torno do ano 1000, para atravessar o que agora é o Afeganistão, Irão, Arménia e Turquia. Vários povos similares aos ciganos vivem hoje em dia na Índia, aparentemente originários do estado desértico de Rajastão.
Os Rom terão tido origem a partir de uma casta inferior do noroeste da Índia. Foram descritos como um povo que rejeitava viver da agricultura e terão partido, por causas desconhecidas, em direcção à Pérsia onde se dividiram em dois ramos: o primeiro, rumou a oeste, atingindo a Europa através da Grécia; o segundo partiu para o sul, chegando à Síria, Egipto e Palestina.
Os primeiros movimentos migratórios chegaram à Europa por volta do SEC. X e pensaram que seria proveitoso fazerem-se passar por cristãos do Egipto, perseguidos pelos muçulmanos e condenados ao perpétuo vaguear para expiar suas culpas. Fantasiaram acerca de suas próprias origens, atribuindo-se uma procedência misteriosa e lendária, em parte como estratégia de protecção frente a uma população maioritária e agreste. Esse aspecto aumentou naturalmente a nuvem de incerteza sobre tal povo.
Devido à conquista territorial e política dos estados hindus, muitas caravanas rom partiram para a Europa, Oriente Médio e Norte da África e espalharam-se principalmente pelo continente europeu: Hungria, Austria e Boêmia, chegando à Alemanha em 1417. Em 1428, encontravam-se na França e Suiça e antes, em 1422 já tinham atingido a Bolonha. Em 1500, surgiram os primeiros ciganos ingleses. Os anos de 1555 a 1780 são marcados por um período de perseguições e intolerância, de verdadeira caça ao cigano ao ponto de hoje nos paises nórdicos, com a sua clássiva efeciencia, quase não existirem ciganos. Em vários países foram cometidos actos brutais contra os ciganos.
Os Roma, tradicionalmente nómadas, serão hoje cerca de vinte milhões de pessoas, espalhadas pelo mundo. Só na Europa Central, existem cerca de quinze milhões.
Hoje os ciganos estão nas manchetes dos principais jornais europeus, por serem alvo de expulsões em paises como a Suécia, Dinamarca e Itália, e tendo seus acampamentos destruídos com escândalo e sob fortes protestos na França de Sarkozy.
Cerca de 80% dos ciganos que vivem na Europa estão desempregados. Os jovens raramente conseguem completar seus estudos, muitos adultos são analfabetos e o grupo étnico como um todo está totalmente excluído da vida económica e social dos países onde vivem. Os ciganos são tão discriminados que, se fala de racismo e “anticiganismo estrutural” como causas mais importantes do isolamento e da exclusão social de que são vítimas.
De facto nós, pessoas de bem, educados, civilizados, maioritariamente bem inseridos económica e socialmente, que trabalhamos imenso, boas casas, bons empregos, limpinhos e perfumados, temos muita dificuldade em tolerar tudo o que é diferente. Sempre tivemos! Elegemos sempre alguém para fazer o papel de “Feios, porcos e maus”
Não aceitando o que não nos é totalmente assimilável, não compreendendo o que não se enquadra nos nossos padrões, discriminamos naturalmente pela negativa, projectando nesse “espaço vazio” todos os nossos fantasmas, frustrações, angústias, medos e ira.
Quando era pequeno lembro-me de me dizerem “Ou portas-te bem ou vais com os ciganos “ ou “ não te aproximes dos ciganos…que eles são maus” Fomos naturalmente formatados para discriminar ciganos!
Os xenófobos não são só o Sr Sarkozy, são também todos os Presidentes de Câmara que ordenaram a criação de guetos habitacionais para ciganos ou os que criaram parques nómadas para ciganos longe de tudo e de todos. São igualmente xenófolos todos os pais que recusam que os seus filhos tenham aulas conjuntamente com crianças ciganas. São também xenófolas todas as escolas que fazem turmas especiais só para ciganos e todos os que recusam alugar casa a ciganos ou ter ciganos como vizinhos.
Nós, o povo das ciganices, que não perdemos uma oportunidade de passar a perna ao próximo, que não fugimos mais ao fisco só se não pudermos, que enganamos na primeira oportunidade a Segurança Social, que acumulamos subsidio de desemprego com uns biscates, nós os reis das falsas baixas médicas, dos casos das facturas falsas, dos submarinos, do freeport, das mais diversificadas vigarices, etc, etc, etc… somos simultaneamente implacáveis com um povo que comete naturalmente as suas aldrabices, mas que tem muito a aprender, nesse particular connosco e que ao pé, por exemplo, da nossa classe politica não passam de meros aprendizes!
Afinal quem são os maiores traficantes de Portugal? E os maiores corruptos? Quantos ciganos foram presos por corrupção em Portugal e por fuga ao fisco? Quantos ciganos estão ligados às falcatruas nas Câmaras Municipais? E no crime organizado? São os ciganos os que mais assaltos preconizam? E crimes de sangue? Qual é a taxa de ciganos homicidas?
E em França?
No fundo todos temos dentro de nós um pequeno Sarkozyzinho!!! É pena não termos também a mulher dele na cama. No fundo era fixe passar a perna a esse sacana!!