terça-feira, 20 de março de 2012

O mundo é dos psicopatas

Tenho o direito de gozar de teu corpo
(...) e exercerei esse direito, sem que
nenhum limite me detenha no capricho
das extorsões que me dê gosto de nele
saciar.

(Marquês de Sade; A filosofia
na alcova).








Aposto que já lhe passou pela cabeça que o seu chefe é um psicopata! Pois, fique a saber que a probabilidade de isso ser verdade é altíssima. Mas fique descansado, nem todos matam. Muitos sofrem apenas de uma forma branda de psicopatia. Mas nunca fiando!


O jornalista de investigação Jon Ronson, o mesmo que lançou o livro “Os Homens Que Matam Cabras Só com o Olhar”, uma investigação de Ronson a uma remota base militar, que deu origem ao filme com o mesmo nome, realizado por George Clooney, acaba de lançar "O Teste do Psicopata", no qual sustenta que os psicopatas constituem apenas 1% da população mundial, mas têm muito poder e influência, estando instalados nos mais altos cargos de decisão do planeta. O autor entra em contacto com psicopatas "clássicos", que cometeram cruéis assassinatos, mas investiga também outros - os que dirigem empresas ou estão à frente de governos. O livro exigiu dois anos de trabalho com entrevistas a psicólogos, psiquiatras, mas também presidiários, homens de negócios e Robert Hare, o homem que criou a lista de itens que define um psicopata.
Mas afinal o que é um psicopata? A psicopatia é um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de carácter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, egocentrismo, falta de remorso e culpa para actos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições. Apesar da psicopatia ser muito mais frequente nos indivíduos do sexo masculino, também atinge as mulheres, embora com características diferenciadas e menos específicas que a psicopatia nos homens. A psicopatia é denominada cientificamente como transtorno de personalidade antissocial.
Embora alguns indivíduos com psicopatia mais branda não tenham tido um histórico traumático, o transtorno - principalmente nos casos mais graves, tais como sádicos e serial killers - parece estar associado à mistura de três principais factores:
· Disfunções cerebrais/biológicas ou traumas neurológicos,
· Predisposição genética
· Traumas sociopsicológicos na infância (ex, abuso emocional, sexual, físico, negligência, violência, conflitos e separação dos pais etc.).
Este último factor largamente retratado em filmes e nas séries americanas sobre mentes criminosas. Todo indivíduo antissocial possui, no mínimo, um desses componentes no histórico de sua vida, especialmente a influência genética. Mas nem todas as pessoas que sofreram algum tipo de abuso ou perda na infância irão tornar-se um psicopata sem ter uma certa influência genética ou distúrbio mental.
Façamos agora um exercício – tentemos imaginar um psicopata português. O tipo tem que obrigatoriamente ser sedutor, bem vestido, bem-falante, inteligente, tranquilo, pouco sincero e com desprezo pela verdade, impulsivo, manipulador, falta de remorso ou culpa, conduta anti-social, ou seja um certo desprezo pelas regras sociais, tipo recebe uns subornos…, pouca ou nenhuma auto-critica, egocêntrico patológico e incapacidade de amar, sentimentos superficiais, mentiroso, frio, para quem os fins justificam os meios. Já imaginou? Agora pense quem em Portugal mais se aproxima deste perfil. José Sócrates? Pois acertou!
Que outro português melhor representa a chico-espertice portuguesa e encarna este perfil psicopático? Um rapaz ambicioso, frequentador precoce dos aparelhos partidários, licenciado ao domingo, sem que ninguém nos tenha explicado como, dispensado de explicar o processo Freeport, apesar de ser à altura só o ministro do ambiente, que ajudou a empurrar Portugal para a miséria, que nunca declarou qualquer poupança e que agora vive, sem emprego conhecido, uma vida luxuosa em Paris?
E o que dizer desta justicinha portuguesa feita por e para chicos espertos?
De facto o estudo de Ronson chega à conclusão que os psicopatas ultrapassam facilmente as outras pessoas na corrida ao poder e que, por isso, controlam os centros de decisão.
Reparem na personalidade e comportamento de alguns líderes nacionais e mundiais, os actuais e os do passado, e facilmente constatarão a veracidade do estudo. Analisem bem os trajectos de algumas figuras nacionais como Duarte Lima, Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Isaltino Morais, Armando Vara, Vale e Azevedo? Que lhes parece?
Agora para terminar um teste.
Uma rapariga, durante o funeral da sua mãe, conheceu um rapaz que nunca tinha visto antes.
Achou o rapaz tão maravilhoso que acreditou ser o homem da sua vida. Apaixonou-se por ele e começaram um namoro que durou uma semana.
Sem mais nem menos, o rapaz desapareceu e nunca mais foi visto. Dias depois a rapariga matou a própria irmã.
Questão: Por que motivo terá a rapariga assassinado a sua própria irmã???(Não desça até o final antes de ter pensado numaresposta!!!! !)


Resposta:
Ela matou porque esperava que o rapaz pudesse aparecer novamente no funeral de sua irmã.
Se você acertou a resposta, você pensa como um psicopata.




Esse é um famoso teste psicológico americano para reconhecer a mente de assassinos em série (Serial Killers). A maioria dos assassinos presos acertou a resposta. Para um psicopata os fins justificam os meios.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Enfim, gajas!




Um homem moderno quer-se bonito, bem vestido, depilado e a cheirar bem. Exibir boas maneiras e ser solidário e respeitador. Deve tratar o sexo oposto com delicadeza, ser carinhoso e comunicativo. Se quiser aspirar ao estatuto de príncipe encantado, deve ainda ter sentido de humor e ser inteligente. Elas assim o sonharam!
Na verdade passamos a vida a construir mascaras e a treinar papeis (1) para responder adaptativamente ao pulsar social, de forma a preservar uma certa “boa vizinhança relacional”.
Mas há alturas em que se solta em nós um animal selvagem, antes aprisionado e castrado, que desenvolve respostas do mais primitivo que se possa imaginar. Aliás, é normal encontrar muitos exemplos de pessoas socialmente certinhas e limpinhas, mas com uma vida paralela tão obscura e contraditória que faria corar uma puta – um submundo autêntico, acreditem. Dizem que dá pica e responde aos nossos impulsos mais cavernosos! O sexo é muitas vezes o campo onde se projectam e desenrolam muitos desses impulsos animalescos. Mas isso não é para aqui agora chamado. Figas canhoto, que estou todo arrepiado!
Quando o tiro de partida ecoou no céu azul dando início ao II mini-trail da Serra do Sicó, disparou em mim qualquer coisa animalesca. O cheiro a suor, o arfar ofegante das fêmeas no meu ouvido, e o seu constante roçar de nádegas mesmo à frente do meu nariz, projectaram-me numa viagem retrospectiva de milhões de anos. Transformei-me num animal!
Tal como no útero materno no momento em que se é concebido, a primeira decisão que temos que tomar, ainda que subconscientemente, é a de saber se queremos viver ou morrer. Vivemos nesta pulsão o resto da vida aliás.
Perante 21 km de subidas e descidas, decidi que iria concluir a prova. Afinal fui criado a trabalhar no campo, no tempo em que não havia iogurtes, papas Cerelac e outras lambarices. A iguaria da minha infância foi pão fresco com manteiga e leite gordo escorrido directamente das tetas da vaca que a minha mãe afincadamente ordenhava. Um macho portanto! Fiquei descansado! O instinto animal fez-me igualmente decidir que nenhuma mulher ficaria à minha frente!
A partir daquele momento elevou-se em mim um animal competitivo, mesclado pela dose certa de machismo, que passou a encarar a ideia de cuspir no chão, mijar à frente das gajas ou peidar-se pela a serra acima como a coisa mais natural do mundo.
Este tipo de percurso encerra porém uma dificuldade inesperada – As paisagens são de uma beleza imponente. A natural é deslumbrante. A feminina, com aquela sinfonia de arfadoras de curvas insinuantes e suadas, prende-te os sentidos sem piedade. Pensas em sexo. Mas estás ali para correr. É uma pena! Descobres rapidamente que, ou te concentras no terreno firme e esqueces a paisagem, ou te centras na paisagem e partes os cornos contra o primeiro calhau. Resta-te jogar num arriscado equilíbrio – um olho no burro outro no cigano!
À medida que fui ultrapassando mulheres crescia em mim um sentimento de apaziguamento, que era reforçado sempre que deixava mais uma para trás. Incomodado por esse sentimento cavernoso, desculpei-me – Porra, afinal isto é uma corrida ou não é? A verdade é que me dava um gozo libidinal sempre que deixava mais uma mulher para trás! Finalmente livrei-me das gajas todas!
Dediquei-me por fim aos homens. E pela serra me lancei neste desafio interno.
Enfim, aos seis quilómetros o primeiro abastecimento. Na mesa banana, maçã, queijo do rabaçal, mel e água. Era ver-nos a enfiar selvaticamente bananas pela goela abaixo. A cereja no topo do bolo. Eis-nos finalmente australopitecos!
Depois de muitas subidas e descidas, finalmente os últimos três quilómetros e uma inesperada inquietação. Atrás de mim, mas ainda ao longe começo a ouvir um leve cacarejar de uma gaja. Porra, não pode ser, pensei. Aquela já a tinha deixado para trás há séculos. Por fim a temerosa certeza. A gaja passou por mim como cão por vinha vindimada. Tentei repostar! Apelei ao que restava das minhas forças e do meu machismo e esperei não perder aquele rabo da vista para mais à frente, junta à meta, ter o prazer de a voltar a ultrapassar com pés de veludo. Seria lindo!
Nada. Os músculos não responderam e a gaja sumiu-se para nunca mais a ver! Uma tristeza!
Mais tarde, já na meta, descobri que afinal mais umas gajas tiveram o desrespeito e a ousadia de chegar antes de mim! Enfim gajas! Não sabem levar uma corrida na boa! As gajas são assim, não perdem uma oportunidade de competir com um homem.
No final da corrida recuperámos rapidamente a postura. Humanizamo-nos e invadidos por um bom sentimento de missão cumprida, lançamo-nos numa genuína e afectuosa camaradagem. Afinal era para isso que lá estávamos. Rematamos com queijo do rabaçal, bebemos Super Bock Stout bem fresca e prometemos voltar! Parabéns a todos!

(1) Teoria psicodramática Moreniana