quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ai…este nosso triste fado

Com o nosso país à beira de um segundo resgate e, se for o caso, provavelmente do abismo, os portugueses insistem, após quase 40 anos de democracia, em tentar reinventar o seu futuro e o do país insistindo na velha fórmula de sempre. Votar sempre nos mesmos partidos, nas mesmas caras, nos mesmos interesses e esperar milagrosamente que algo mude. É obra! E da difícil! Assim, o palco da política portuguesa mais não tem sido que uma porta giratória em que, à vez, os três maiores partidos e interesses associados esperam a sua oportunidade para se sentar à mesa do repasto!

O próximo dia 29 de Setembro promete, assim, mais do mesmo! Os portugueses, se não houver uma luz que os ilumine, irão votar no mesmos actores, nos mesmos vícios de governação e esperar pacientemente um milagre - resultados de governação diferentes! Basta lembrar que mais de 80% dos candidatos à liderança dos órgãos autárquicos são actuais presidentes ou vice-presidentes de camara. As fileiras partidárias e os seus cãos de fila estão mais cerradas que nunca e o espaço para a renovação é pouco mais que uma utopia. Assiste-se, na vida política portuguesa, à instauração de autênticas dinastias, em que filhos sucedem aos seus pais!

Insistir num tratamento que se revelou e revela ineficaz e esperar que o doente melhor parece ser a crença e a sina da maioria dos portugueses.

O Concelho de Miranda do Corvo não foge à regra. Com uma força politica instalada há 12 anos no poder e a fazer uso da máquina da governação no que ela tem de pior, com um PS amorfo, a apostar na algazarra mas deserto de ideias, um bloco de esquerda local abandonado à sua sorte, por uma improvável liderança bicéfala e uma CDU com uma candidata forte, com ideias e obra feita, que não vive da politica, mas acompanhada e apoiada por comunistas, daqueles que comem crianças ao pequeno-almoço, resta aos mirandenses votarem como sempre, nos mesmos actores políticos de sempre e esperar, sentados, que o milagre aconteça!

O cenário quotidiano da nossa democracia também não mudou muito nos últimos 40 anos. Um país em que as ilusões deram lugar inevitavelmente a desilusões! Um país de vendedores de sonhos virados pesadelo. Um país que recebeu milhares de milhões, mas que ficou mais pobre, mais longe dos seus parceiros europeus, mais fustigado pelo desemprego, com mais emprego precário, com uma carga fiscal absolutamente insustentável para as empresas e famílias, com menos justiça social e sem esperança no futuro. Um povo exausto que só não resigna, porque nunca resignou!

Um país de Swaps, de BPN´s, de BPP´s, de subvenções vitalícias, reformas precoces de cor dourada, de mordomias várias, de submarinos e outras “virtudes” do regime. Um país com uma classe política impreparada, em muitos casos medíocre, de abundante ambição, mas de escassa vergonha. Um país em que a justiça não funciona ou não quer funcionar. Um pais que não responsabiliza os seus políticos pelas suas políticas ruinosas e que, ao invés, os promove a altos cargos de gestão pública. Um país que gera ricos mas é incapaz de gerar riqueza! Um país em que a contratação de boys é uma lei e a realização de concursos feitos à medida para determinadas pessoas é uma ordem! Todos da cor, todos de confiança. Neste particular, o actual executivo camarário Mirandense fez escola!

Para substituir esta classe política de luxo, já envelhecida e justamente reformada, já se perfilam nas listas para os órgãos autárquicos os seus filhos. Gente predestinada, iluminados pela mão divina, que nalguns casos nunca geriu mais que mesadas. Alguns nunca trabalharam, outros nem sequer os seus cursos concluíram. Mas isso não tem mal, que a cultura vigente é de pouca exigência e escasso escrutínio! Aqui Miranda também dá cartas!

Um país de políticos de ocasião que em época de eleições ficam terrivelmente solidários, ultra sensíveis aos anseios das populações e preocupados com o bem comum, políticos que rasgam estradas e praças, pintam paredes, inauguram obras menores e grandiosas, publicam revistas do regime, lançam autocarros experimentais para a terceira idade em véspera de eleições, políticos que levam idosos à praia, aos santuários e até às urnas de voto. Políticos que gastam, em duas semanas, milhares  de euros numa programação artística  eleitoralista, irrealista, insustentável, de pura propaganda, enquanto as coleticvidades morrem entregues a si próprias.

Um país de autarcas que durante o restante mandato hibernam nas profundezas dos seus umbigos e dos seus interesses e esquecem quem os elegeu! Não deixa de ser estranho que políticos que prometem e não cumprem vejam quase sempre os seus mandatos renovados! Um país que teima em renovar mandatos ou eleger quem lhes mente, quem promete demais e cumpre de menos.

As eleições para os órgãos autárquicos deveriam centrar-se nas pessoas, na sua obra, no seu caracter, na sua participação cívica, na sua postura na vida e na política, na sua capacidade de trabalho, no seu dinamismo e capacidade empreendedora, na experiência de gestão de dinheiros próprios e públicos, na competência, na liberdade e independência face aos interesses instalados.

Olhem bem para as listas e avaliem as pessoas, olhem-lhes bem para a cara, tiram-lhes o pulso, meçam-lhes a competência, a experiência, a capacidade de trabalho e sobretudo o desprendimento aos lugares, ao poder pelo poder, à vaidade, aos interesses instalados e votem. Mas desta vez, por favor, não esperem um milagre! Façam diferente!