quarta-feira, 18 de maio de 2011

a última vassourada




Por brincadeira dizemos lá no meu serviço, quando os resultados alcançados não são os esperados, que continuamos a ser muitos bons, os doentes é que não prestam!
Esta frase voltou a ecoar na minha cabeça ao ler a lista das 100 personalidades mais influentes em Portugal publicada pelo semanário Expresso, na sua edição do dia 30 de Abril. Nós temos de facto pessoas excepcionais em Portugal, os resultados obtidos é que são verdadeiramente ruinosos!
Num primeiro sopro de pensamento irreflectido, poderíamos ser tentados a colocar todos no mesmo saco. Mas não! Muitas das personalidades eleitas pelo Expresso são figuras incontornáveis que se destacaram por mérito próprio em vários sectores da sociedade portuguesa, desde os negócios, passando pelas artes, ensino, investigação e tecnologia, no domínio do pensamento, na moda, no espectáculo, na escrita, acabando no desporto. Pessoas que se destacaram pelo seu espírito inovador, capacidade de trabalho, empreendedorismo, persistência e capacidade de luta. Nada a opor!
Depois há inúmeras figuras da classe política ou das suas clientelas!
Nesta categoria a coisa ganha contornos obscuros não se sabendo verdadeiramente o que é que cada uma destas personalidades tem de relevante e muitos menos o que cada uma deu verdadeiramente ao país. Que saldo resultou da sua passagem pela vida política ou pelos sucessivos cargos públicos que ocuparam? Se foram e são influentes, em que sentido o foram? Pela positiva ou pela negativa? Não sabemos!
Quem nos levou a este estado de mediocridade politica, de ruptura financeira e social? Quantas pessoas foram responsabilizadas, julgadas ou condenadas?
O que vamos dizer aos nossos filhos quando eles nos perguntarem pelos responsáveis pela falência do país e hipoteca do futuro das gerações vindouras?
O que diremos aos nossos filhos quando nos perguntarem como foi possível que um rombo superior a 2 mil milhões de euros no BPN seja pago mansamente pelos contribuintes, sem que o povo se revolte, perante a completa ineficácia da justiça e a obscena impunidade dos criminosos responsáveis por tais actos? Onde vive Dias Loureiro? Quem o protege?
Como é possível tamanha fraude nas barbas do Banco de Portugal. O que aconteceu ao seu presidente por ter falhado a sua missão de supervisão? Foi responsabilizado? Demitido? Não, foi promovido e indicado para um cargo no Banco Central Europeu!
Como explicar aos nossos filhos que vivemos num país em que um gestor de empresas com participação do estado como a PT, EDP ou Galp, ganhe num só ano, em ordenados e prémios de gestão, o equivalente ao que um trabalhador comum apenas ganharia se trabalhasse 100 anos consecutivos?
Como explicar que gestores públicos ganhem prémios de produtividade em empresas que dão prejuízo, saltitando de empresa em empresa sem qualquer tipo de responsabilização?
Como explicar que empresas com participação do Estado paguem aos seus gestores prémios por resultados alcançados em áreas em que são monopolistas? Quantas pessoas conhecem que comprem electricidade a outra empresa que não a EDP?
Analisemos por exemplo o papel de Aníbal Cavaco Silva, um homem que apesar de continuar a insistir que não é político profissional - sim, porque a sua principal actividade deve ter sido plantar ervas aromáticas, mas que foi 10 anos primeiro-ministro, oito dos quais com duas maiorias absolutas, num período crucial para a estruturação de Portugal com os fundos comunitários. Afinal que influência teve verdadeiramente no país o homem que mais tempo leva de governação desde o 25 de Abril?O que pensar de um homem que sendo sério, nunca foi um visionário, nunca mostrou para além do betão e do cimento, um projecto verdadeiramente reformador ou uma ideia de desenvolvimento sólida para o país, marcando até a sua governação por actos de pura tacanhice e medíocre dimensão humana e intelectual, como demonstrou, já como Presidente da República, ao ter faltado ao funeral do Nobel José Saramago, confundindo uma antipatia pessoal (admissível) com o exercício de um cargo político – indesculpável. O que nos deu este homem? E o que nos tirou verdadeiramente? Quem autorizou que se aceitasse dinheiro da Comunidade Europeia para desmantelar um boa frota pesqueira e um já pobre sector agrícola? Para quem foi o dinheiro dos fundos estruturais?
E Durão Barroso? O que nos deu verdadeiramente esse mestre do jogo de cintura, ilustrado por um percurso politico cheio de deambulações e golpes de rins, desde os tempos de militância no MRPP até à inacreditável fuga na primeira oportunidade para a Comissão Europeia, onde hoje está confortavelmente instalado, deixando o pais entregue na altura a um rapaz chamado Santana Lopes. Que influência teve Durão Barroso na nossa vida?
E Guterres? Esse homem conhecido por ser “um homem bom”, mas sem mão no ávido aparelho socialista, que gastou o que tinha e fundamentalmente o que não tinha! O que deu ele a Portugal?
E o que dizer de figuras como Soares, Alegre ou Almeida Santos, que cedo se deixaram encantar pelas mordomias do estado, fazendo deste o seu habitat natural?
E esta manada de gestores públicos com cartão partidário que saltita de empresa pública em empresa pública acumulando influências, ordenados obscenos e reformas douradas? O que é que Portugal lhes deve? E a esta nova geração de deputados filhos de ex-deputados que invade as bancadas parlamentais? Qual a sua profissão? Em que área se destacaram?
E os banqueiros, tão acarinhados pelo poder politico, o que deram à economia portuguesa?
E que fez esse gestor de elite, que dá pelo nome de Rui Pedro Soares, que no seu curriculum pouco mais tem que a circunstancia de ser amigo pessoal de Sócrates, para merecer os 5 milhões de euros em ordenados que ganhou desde 2005 na PT. Quanto deve esse senhor ao país? E quem permite estas atrocidades?
O que deve Portugal a Armando Vara? E a Sócrates, esse puro ilusionista?
Uma conclusão parece óbvia - Portugal tem imensa massa crítica e é até exportador de profissionais de altíssimo nível para o mundo. Porque não chega então esta elite aos centros de decisão política? Qual o verdadeiro papel dos partido políticos e dos seus aparelhos na sociedade portuguesa?

Neste cenário, em quem devemos votar nas próximas eleições?
Ou será como diz o bastonário da ordem dos advogados: “O que separa PS, PSD ou CDS consubstanciasse apenas no facto de não caberem todos à mesma mesa”.
Triste sina a nossa! Até quando?