Imagine meu caro amigo ou amiga que se interessa por vinhos há alguns anos, que é frequentador habitual de eventos do vinho e que não falta a uma edição que seja da glamorosa Essência do Vinho no Porto ou do Encontro do Vinho na Junqueira. Imagine que é daqueles que lê a crítica vínica/gastronómica e que, inclusive, é assinante de revistas da especialidade. Imagine que conhece o panorama vínico português de alto a baixo e que manda ainda umas larachas sobre alguns vinhos do mundo, tipo ouviu falar de uns châteaux, de uns vinhos da Borgonha, de Bordéus e outras “paneirices” do género. Imagine caro amigo que tem lá em casa umas quantas boas garrafas e que já bebeu, em casa de uns amigos, é certo, uns vinhos de grande categoria - ícones tipo Barca velha, Pêra Manca, uns Neipoort e uns “Portos Vintage” de anos clássicos. Imagine que é daqueles que percorre e analisa minuciosamente as cartas de vinhos dos restaurantes e que até conhece e bebeu muitos dos vinhos nela inscritos. Imagine caro amigo que é daqueles que passa os jantares a falar de vinhos e das suas ligações gastronómicas e que só pára quando se lhe “entremela” a língua. Pronto imagine que se acha um guru da coisa!
Imagina agora estimado amigo ou amiga que um gajo do tipo provocador tinha o desplante de o convidar para uma prova de vinhos da região de Penela e Podentes, mais uns vinhos manhosos de uma tal vinha dos penicos ou das Penicas ou lá o que isso for…
Naturalmente o meu amigo sentia-se incomodado, injuriado, confuso e até ultrajado! E com razão! Mas naturalmente tinha que dar uma resposta. Dava sem pestanejar um rotundo não, argumentando que não estava para estragar a boca. Inventava um afazer de última da hora para não ir. Ou, pelo contrário, dizia que sim, só para não fazer desfeita, engolindo preconceitos, fingindo uma certa abertura de espírito... e ia. E ia muito bem!
A prova cega organizada a partir de um desafio que me foi lançado pelo enólogo Alexadre Carril, decorreu na Loja do Sr. Falcão e contou com a participação de outros quatro ilustres provadores, a saber: Zé Mário, Meno, Victor Cancela e Luís. Todos experimentados provadores!
Dividimos a prova em três fases. Primeiro provaram-se dois espumantes, um tinto e um branco, de seguida quatro brancos maduros e por fim sete tintos. Treze vinhos em prova. Sete dos quais produzidos pelo enólogo Alexandre Carril na sub-região da Serra do Sicó e os restantes cinco por mim próprio na tal Vinha das Penicas, localizada na franja sul da região da Bairrada!
Relativamente aos espumantes, o tinto revelou aroma agradável, cheio na boca, com acidez vibrante, característica da casta baga, mas de bolha fugaz e escassa. O espumante branco – Vinha das Penicas bruto 2009, mostrou aromas intensos de fruta branca cozida, excelente acidez, com final longo e bolha crocante a desfazer-se na boca. Recolheu a unanimidade das preferências dos provadores.
Nos brancos, salientou-se um vinho quase incolor feito maioritariamente da casta Fernão Pires (Maria Gomes), de aroma frutado intenso e acidez a condizer. Um vinho sem pretensões, mas muito bem feito, ideal para beber numa final de tarde junto à piscina. O vencedor da noite foi o vinho Encosta da Criveira 2010. Mineral, com acidez vibrante e equilibrado. Perfeito para acompanhar peixes gordos. Um outro vinho apresentado pelo enólogo Alexandre Carril deu boa conta de si, sendo, no entanto, prejudicado por se apresentar pouco fresco, o que prejudicou a percepção da acidez. Provado no dia seguinte, com a temperatura a condizer, mostrou-se fantástico. O quarto vinho, Vinha das Penicas branco 2010, engarrafado na véspera, estava imbebível, pois dominavam ainda os aromas a sulfuroso aplicado no engarrafamento. A prova dos brancos foi notável atendendo às dificuldades técnicas para vinificar brancos de qualidade.
Quanto aos tintos a prova foi de elevado nível, destacando-se três vinhos. O vinho classificado em terceiro lugar, um vinho da zona de Penela, bem feito, muito equilibrado, delgado na cor mas de aroma correcto, destacando-se pelo equilíbrio do conjunto. O vinho Encosta da Criveira - reserva 2009, feito pelo enólogo para um cliente também de Penela mostrou-se poderoso, com boa estrutura e aroma, mas ainda um pouco áspero na boca a mostrar ainda imcompleta integração da madeira. Um vinho muito interessante a necessitar de tempo de garrafa. A revisitar.
O vencedor da noite, repetindo anteriores destaques, foi o Vinha das Penicas 2009. Apresentou-se bonito na cor, aroma evoluído com notas de couro, alcatrão e bergamota, boa estrutura, elegante, um conjunto equilibrado e bem arrumado com acidez firme que lhe confere final fresco. Pena que me restem apenas sete garrafas.
Em conclusão registe-se três ou quatro aspectos.
A amabilidade do Enólogo Alexandre Carril, o sempre excelente acolhimento do pessoal da loja do Sr. Falcão e o lote dos vinhos apresentado que surpreenderam pela qualidade manifestada. Há 4/5 atrás seria impensável encontrar vinhos com esta qualidade feitos nesta região. De facto existem já uma boa dúzia de pequenos produtores que rompendo com a ancestral e por vezes displicente forma de fazer vinhos nesta região apostam agora em consultadoria enológica, melhores materiais e moderna tecnologia na adega. Os resultados aí estão – vinho sem defeitos, de bom nível qualitativo, sendo que alguns nada devem a muitos vinhos por ai andam. Registe-se, para finalizar, que durante a prova os clientes da taberna puderam provar todos os vinhos em prova, o que criou uma excelente dinâmica e até acesa discussão. Para Outubro há novos vinhos em prova e alguns serão reapresentados numa fase de vida mais evoluída. Até lá boas provas!
Imagina agora estimado amigo ou amiga que um gajo do tipo provocador tinha o desplante de o convidar para uma prova de vinhos da região de Penela e Podentes, mais uns vinhos manhosos de uma tal vinha dos penicos ou das Penicas ou lá o que isso for…
Naturalmente o meu amigo sentia-se incomodado, injuriado, confuso e até ultrajado! E com razão! Mas naturalmente tinha que dar uma resposta. Dava sem pestanejar um rotundo não, argumentando que não estava para estragar a boca. Inventava um afazer de última da hora para não ir. Ou, pelo contrário, dizia que sim, só para não fazer desfeita, engolindo preconceitos, fingindo uma certa abertura de espírito... e ia. E ia muito bem!
A prova cega organizada a partir de um desafio que me foi lançado pelo enólogo Alexadre Carril, decorreu na Loja do Sr. Falcão e contou com a participação de outros quatro ilustres provadores, a saber: Zé Mário, Meno, Victor Cancela e Luís. Todos experimentados provadores!
Dividimos a prova em três fases. Primeiro provaram-se dois espumantes, um tinto e um branco, de seguida quatro brancos maduros e por fim sete tintos. Treze vinhos em prova. Sete dos quais produzidos pelo enólogo Alexandre Carril na sub-região da Serra do Sicó e os restantes cinco por mim próprio na tal Vinha das Penicas, localizada na franja sul da região da Bairrada!
Relativamente aos espumantes, o tinto revelou aroma agradável, cheio na boca, com acidez vibrante, característica da casta baga, mas de bolha fugaz e escassa. O espumante branco – Vinha das Penicas bruto 2009, mostrou aromas intensos de fruta branca cozida, excelente acidez, com final longo e bolha crocante a desfazer-se na boca. Recolheu a unanimidade das preferências dos provadores.
Nos brancos, salientou-se um vinho quase incolor feito maioritariamente da casta Fernão Pires (Maria Gomes), de aroma frutado intenso e acidez a condizer. Um vinho sem pretensões, mas muito bem feito, ideal para beber numa final de tarde junto à piscina. O vencedor da noite foi o vinho Encosta da Criveira 2010. Mineral, com acidez vibrante e equilibrado. Perfeito para acompanhar peixes gordos. Um outro vinho apresentado pelo enólogo Alexandre Carril deu boa conta de si, sendo, no entanto, prejudicado por se apresentar pouco fresco, o que prejudicou a percepção da acidez. Provado no dia seguinte, com a temperatura a condizer, mostrou-se fantástico. O quarto vinho, Vinha das Penicas branco 2010, engarrafado na véspera, estava imbebível, pois dominavam ainda os aromas a sulfuroso aplicado no engarrafamento. A prova dos brancos foi notável atendendo às dificuldades técnicas para vinificar brancos de qualidade.
Quanto aos tintos a prova foi de elevado nível, destacando-se três vinhos. O vinho classificado em terceiro lugar, um vinho da zona de Penela, bem feito, muito equilibrado, delgado na cor mas de aroma correcto, destacando-se pelo equilíbrio do conjunto. O vinho Encosta da Criveira - reserva 2009, feito pelo enólogo para um cliente também de Penela mostrou-se poderoso, com boa estrutura e aroma, mas ainda um pouco áspero na boca a mostrar ainda imcompleta integração da madeira. Um vinho muito interessante a necessitar de tempo de garrafa. A revisitar.
O vencedor da noite, repetindo anteriores destaques, foi o Vinha das Penicas 2009. Apresentou-se bonito na cor, aroma evoluído com notas de couro, alcatrão e bergamota, boa estrutura, elegante, um conjunto equilibrado e bem arrumado com acidez firme que lhe confere final fresco. Pena que me restem apenas sete garrafas.
Em conclusão registe-se três ou quatro aspectos.
A amabilidade do Enólogo Alexandre Carril, o sempre excelente acolhimento do pessoal da loja do Sr. Falcão e o lote dos vinhos apresentado que surpreenderam pela qualidade manifestada. Há 4/5 atrás seria impensável encontrar vinhos com esta qualidade feitos nesta região. De facto existem já uma boa dúzia de pequenos produtores que rompendo com a ancestral e por vezes displicente forma de fazer vinhos nesta região apostam agora em consultadoria enológica, melhores materiais e moderna tecnologia na adega. Os resultados aí estão – vinho sem defeitos, de bom nível qualitativo, sendo que alguns nada devem a muitos vinhos por ai andam. Registe-se, para finalizar, que durante a prova os clientes da taberna puderam provar todos os vinhos em prova, o que criou uma excelente dinâmica e até acesa discussão. Para Outubro há novos vinhos em prova e alguns serão reapresentados numa fase de vida mais evoluída. Até lá boas provas!
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