Esta epidemia, de amplitude e violência colossais, está a alastrar de colmeia em colmeia por todo o planeta. Milhares de milhões de abelhas deixam as suas colmeias para nunca mais voltar. Nenhum cadáver de abelha é encontrado nos terrenos circundantes. Em poucos anos, as abelhas têm vindo literalmente a desaparecer.
Nos EUA, estima-se que tenha já desaparecido1,5 milhões de colmeias (de um total de 2,4 milhões). Os americanos importam agora abelhas da Austrália para fazer a polinização dos gigantescos campos de amendoeiras da Califórnia. Este cenário é mais ou menos semelhante em todo o mundo. Esta síndrome foi baptizada como “fenómeno Mary Celeste”, a partir do nome do navio cuja tripulação desapareceu misteriosamente em 1872 sem deixar rasto.
Cerca de 80% das espécies de plantas precisam das abelhas para serem polinizadas. Sem elas, não há polinização, logo, não há frutos. Três quartos das culturas que alimentam a humanidade dependem delas.
Esta desordem das abelhas parece não ficar a dever-se a um factor em concreto, mas a todo um conjunto de factores nascidos com industrialização como os pesticidas, o stress e a multiplicação à escala mundial das ondas electromagnéticas que perturbam e destroem as suas defesas imunitárias.
Tal como os trabalhadores, as abelhas estão a ser vítimas do sistema capitalista e da economia de mercado neoliberal! Os mercados pressionam os apicultores e estes pressionam as suas abelhas a aumentar ainda mais o seu desempenho com menos condições. As abelhas tornaram-se trabalhadores escravizados e sobretudo, através dos cruzamentos genéticos, foram modificadas tornando-as mais produtivas e mais dóceis. Muitas já não picam sequer! São apenas uma máquina de fazer dinheiro a quem basta apertar um botão para pôr a funcionar sem qualquer tipo de reclamação.
O resultado está à vista. Na china milhares de trabalhadores fazem já a polinização manualmente das árvores de fruto elevados em escadotes, munidos com pequenos cotonetes e sacos de pólen comprado aos mercados ewspecializados, substituindo assim o pequeno insecto.
A Apis Melífera (abelha europeia) surgiu na terra 60 milhões de anos antes do homem e deve ter-se já arrependido de tal encontro! A verdade é que nunca precisaram do Homem para sobreviver e acabam agora por sucumbir à sua ganância. As abelhas melíferas parecem simplesmente ter desistido, lançaram a toalha ao tapete! Mandaram-nos passear!
Pois bem esta nova e futuramente dominante espécie é absolutamente intratável e tem agitado os mercados! O alarmismo tem sua razão de ser, já que a agressividade apresentada reduz drasticamente as capacidades humanas nas tarefas de manejo, da sua domesticação. Esta nova espécie está a pôr em causa um negócio de milhares de milhões. Os mercados estão em pânico!
Este é um dramático e simultaneamente belo exemplo da adaptação e da revolta das espécies à tentativa cega e gananciosa de domínio por parte do homem. O homem pode ter a ilusão do poder, de ter a faca e o queijo na mão, mas a natureza encarrega-se amiúde de o contrariar de forma clara e inequívoca. Repare-se na violência dos fenómenos atmosféricos e outros em que a mãe natureza lembra quem de facto manda nesta merda!
Mas o mais extraordinário fenómeno da natureza está para chegar. E chegará no dia em que, à semelhança das abelhas, homens escravizados por outros homens sem escrúpulos se cruzarem com uma outra espécie mais feroz e mais avessa a sistemas de dominação, darão origem a uma nova espécie!
Nesse dia, este novo homem, nascido deste novo cruzamento, chamar-se-á africanizado, asiatizado, cruzado com ET´s ou outra merda qualquer, irá lançar o maior ajuste de contas da história da humanidade! A revolta do homem escravizado focar-se-á nos sistemas dominantes, nas economias de mercado neoliberais, nos mercados, na injusta distribuição dos recursos do planeta.
Este novo homem não usará smartfones, iphones, ipads ou outras tecnologias de ponta. Este novo homem não usará armas de guerra. Este novo homem não cederá a lóbis, ao poder do dinheiro ou outro qualquer poder. Este novo homem, geneticamente mais dotado, de falo em riste, fará justiça com as próprias mãos, de forma nua e crua!
Este novo homem já tarda!
“Eu amo a vida, eis a minha verdadeira fraqueza. Amo-a tanto que não tenho nenhuma imaginação para o que não for vida", Albert Camus
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